sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Atacama - 17o dia - Merlo/AR - Maria Grande/AR

Maria Grande, 30 de Novembro de 2012

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Trajeto: Merlo/AR - Maria Grande/AR
Distancia do dia: 680km

Tempo Pilotando: 11 horas (9:00 as 22:00)

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Ja estamos próximos da fronteira com o Uruguai em um cidadezinha minúscula na beira da estrada. Nosso dia foi intenso ontem não só pelas longas horas de pilotagem em estrada de mão dupla e muitos caminhões, mas principalmente pois ralamos muito para encontrar hotel a noite.

Escolhemos a bonita cidade do Paraná para pernoite, a beira do rio Paraná - cidade com clima "praiano" com festas na praça e pessoas correndo fim de tarde em um grande calçadão a beira do rio. Mas para nosso azar simplesmente todos os vários hotéis da cidade estavam lotados - depois da quinta tentativa descobrimos que estava tendo um evento internacional de rugby.

Não nos restou opção a não ser quebrar novamente uma das regras da viagem e colocar novamente as Cavalas na estrada para um galope noturno até a próxima cidade - e assim o fizemos.

Apesar dos milhares de insetos estalados na viseira, ontem vimos o mais belo nascer da lua da viagem, ela brotou grande e rosada do horizonte fazendo contraste com o céu estrelado.

E além de sortear a cidade "errada", hoje foi nosso dia de também ser sorteado pelos policiais ao longo do percurso. Fomos parados 3 vezes. A ultima, as dez da noite no meio do nada. Mas a mais engracada foi a do meio do dia, logo após o almoço. Ta curioso pra saber como foi? Pois vou te notar.

Vínhamos nós em um galope macio - depois de quase 7 horas pilotando - quando noto pelo retrovisor um guardinha montado em uma Pachola (estas motinhos minúsculas estilo honda bis) - me seguindo, buzinando e mandando encostar.

Paro no acostamento...

Enquanto isso, relembro da nossa vinda dias atras quando também fomos parados e o guardinha falou que havia um tratado internacional que proibia motos internacionais de navegarem por aquela estrada.

Estória esdruxula estilo "tu finge que me engana, eu finjo que acredito". Fato é que naquela ocasião, estávamos com pressa deixamos a onda do cara seguir e nos limitamos a fazer um jogral de malzinho e bonzinho, buscando a melhor negociação: começou com 300 pesos por moto, e fechamos a transação por 50 pesos cada um (50 reais no total pra nos 2).

Mas hoje não amigo! Nosotros somos homens que cruzaram o deserto! "e se o guarda der uma de engraçadinho vou trucar, e ver aonde vai parar esta historia", pensei.

O teatro começa com ele falando rápido pelo radio motorola enquanto nos rodeia mostrando uma grande estrutura de bakoffice nos monitorando e grande procedimento.

E preste bem atenção no dialogo! E se o teu espanhol não é tão bom quanto o meu, te vira aí com o tradutor do Google.

POLICIAL: - "tua habilitacion e la documentacion de lá moto"

EU: ..tiro as luvas calmamente, e vou catando os documentos pra entregar para autoridade.

POLICIAL: - " tu passaste pela faixa amariela. A cá em Argentina, faxa amariela eis como um semáforo rojo"

EU: " tu estais cierto senhor, yo estou ierrado. Estoy por horas nesta carreteira e foi uma distracion"

(ele avança e faz a pergunta poderosa! E preste atenção!)

POLICIAL: "Rodrigo, o que tu azes?"

(Na vinda eu respondi na lata: "trabajo com computadore". E ele deve ter pensado na hora "opa... Eis um franguito! Moleza". Só que agora eu estava ligado no modo-combate e resolvi com toda educação contra-atacar)

EU: "yo escrebo"

POLICIAL: " ..humm.. Escrebe?!" - e levou uns segundos pensando

POLICIAL: ".. escrebes para um periodico?"

EU: " ...si... Como non... Escrebo periodicamente. Yo estou escrebiendo sobre como eis azer uma viajen de mueto pela Argentina e Chile"

(Ele não esperava essa! A cara de autoridade virou cara de paisagem e levou uns segundos tentando mapear melhor o contexto - e enquanto pensava, eu mandei outra)

EU: "E qual eis tu nombre ?

("Por que este fdp quer saber o meu nome!?"...ele deve ter pensado)

POLICIAL: "...Principal Guti..sbrowbles".

(Respondeu rápido para que a gente so entendesse a primeira parte! " Opa, o cara sentiu o golpe", pensei. E nesta hora ele pergunta para o Richa)

POLICIAL: " ..e tu, o que azes?"

RICHA: "...yo trabajo para govierno del brasil" - Richa mandou sem piedade.

(Ele levou mais uns segundos pensando)

POLICIAL: " entoices tu eis um diplomata e ele um periodista... E não sabiem que não se puedem adelantar pela faixa amariela?!"

EU: " ...si sabiemos si. Pêro que foi uma distracion. Estamos cansados pois azemos muito tempo de viajen"

EU: " ...amigo, tu eis um homem de biem, yo tambiem. deixa nosostros seguirmos viajen.. E yo vou escreber sobre a bondade e compreension de los Argentinos"

Ok, este ultimo tiro foi meio sem mira, mas fato é que pelo sim ou pelo não o cara nos devolveu os documentos e tocou pra frente.

Não sei se ele se assustou com o poder da imprensa livre ou com o peso da burocracia. Fato é que enquanto eu abaixava a cabeça para guardar os documentos o cara correu pela direita com sua Pachola com tamanha pressa para que nem víssemos a placa dele.

Este episódio renovou nosso astral e tocamos as Cavalas de volta pela carreteira rumo a fronteira.



Na ausência de outras fotos, fica aqui nosso brinde de final de noite
debruçados sobre nosso mapa na escolha do melhor percurso para o dia seguinte,
quando vamos cruzar Uruguai




quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Atacama - 16o dia - Mendoza/AR - Merlo/AR

Atacama - Dia 16 - Mendoza/AR - Merlo/AR

Merlo, 29 de Novembro de 2012

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Trajeto: Mendoza/AR - Merlo/AR

Comentários (pós-viagem):

Distancia do dia: 560Km

Tempo Pilotando: 10 horas (10:00 as 20:00)

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Hoje foi mais um bom e longo dia de pilotagem. Antes da estrada fomos na autorizada BMW de Mendoza para que retirassem o paralama traseiro do Richa pois ele não resistiu as horas triturando as pedras das estradas de rípio (terra) que passamos. E na autorizada conhecemos um amigo motociclista que nos desenhou um belo cainho de volta cortando serras e pequenas cidades evitando as grandes estradas. Foi como se no Brasil descemos a dia de uma RJ-SP cortando a serra da Mantiqueira evitando a via Dutra.

Bela decisão! Pois foi uma boa forma de combater o tédio que os caminhos de "volta / fim de viagem" costumam trazer. Andamos uns 100km a mais, mas cortamos pequenas vilas, varias fazendas e cruzamos serras que nem os argentinos cruzam normalmente. As pequenas estradas contam uma história bem diferente das grandes estradas. A pequena é poética, profunda, é cultural ela te mostra a cultura do povo da região, ela te faz ser visto como um astronauta quando cruza um pequeno povoado.. ela te conta uma História como em um filme em preto e branco.

Valeu por cada visual e cada curva!

Hoje a Cavala empatou: 2 x 2. Mais um dos grandes explodiu nas suas canelas. Esse também veio afobado da lateral da pista... e eu cheguei a achar que viria de novo na minha testa - cheguei a ligar "o modo impacto" - enrijecendo o pescoço e apertando as sobrancelhas, mas o avoado fez uma curva para baixo e foi nela mesmo.

Hoje cortamos uma bela serra que fica colada a Córdoba - e navegamos o tempo todo com nuvens pesadas e nevoeiro teimando a nos cercar.

Realmente acho que nossa viagem esta sendo abençoada pois o mal tempo nos rodeia mas sempre nos poupa do pior. Ontem depois de pilotar por horas entre nuvens negras e raios ao redor (porem sem chuva) paramos em um posto e o frentista nos avisou que tinha acabado de cair uma forte chuva de granizo.... Agradeci, e disse a ele que estava tranquilo pois eu tinha trazido o capacete ara tal entemperie. Ele riu, e toquei a Cavala para frente.

E logo após nossa chegada na cidade para pernoite foi a chuva que desabou em forma de cachoieira. Acho que os anjos da guarda estavam esperando nosso desembarque seguro para liberar a ira de sao pedro.


O paralama que quebrou nos levando a autorizada de Mendoza


Esta e as fotos que se seguem são todas da serra
que conhecemos sudoeste de Cordoba. fantástico !!









quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Atacama - 15o dia - San Juan/AR - Mendoza/AR

Mendoza, 28 de Novembro de 2012

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Trajeto: San Juan/AR - Mendoza/AR, via RN40

Comentários (pós-viagem): RN40 em boa qualidade e com bom movimento de caminhões. Visual/paisagem sem destaque. Mendoza merece de 2 a 3 dias para conhecer as várias vinículas/restaurantes.

Distancia do dia: 180km (café com leite!)

Tempo Pilotando: 2 horas (10:00 as 12:00)

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Hoje foi um dia de corpo dolorido e mente leve. A travessia do Paso de Agua Negra ontem realmente é algo para fica para sempre marcado nas nossas memórias. Seja pela altitude, seja pelas montanhas, ou simplesmente pelo marco na nossa viagem.

O nosso pernoite de ontem se deu na cidade de San Juan uns 180km depois do final da Travessia já em território Argentino. Navegamos mais umas 2 horas pelo asfalto mesmo bem moídos depois de ter encarado a altitude e o rípio do Paso, passamos até um pouco dos nossos limites com horas de pilotagem seguidas. Mas faz parte.

Na verdade a primeira cidade depois do Paso chama-se Las Flores - minúscula, com somente um posto de gasolina e um único hotel - que estava lotado, acredite. Olhamos para o céu, calculamos mais umas 2 a 3 horas até o por do sol e não tivemos duvidas... tocamos para frente mesmo cansados rumo a San Juan.

Foi uma boa decisão, pois nos colocou muito próximos a Mendoza e hoje pegamos míseros 180km de estrada chegando bem antes do almoço aqui (Mendonza) - dando tempo de pegar um bom hotel, rodar uma vinícola e conhecer bons restaurantes ao longo do dia.

Hoje é o ultimo dia da minha esposa na nossa viagem. Daqui ela segue de avião para nossa casa em SP. E entre bons vinhos e passeios por Mendoza ela se despede da gente deixando saudade e levando com ela boas lembranças.

Valeu Branca! Tu é guerreira e eis minha alma gêmea. Te vejo em casa!



Tiramos poucas fotos e fizemos poucas filmagens hoje.
Esta aqui foi na vinícola que visitamos em Mendoza



E na ausência de grandes fotos do dia de hoje.. fica aqui a foto da minha alma gêmea..
como forma de despedida da viagem




terça-feira, 27 de novembro de 2012

Atacama - 14o dia - Vicuña/CL - San Juan/AR via Paso Agua Negra

San Juan/AR, 27 de Novembro de 2012

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Trajeto: Vicuña/CL - San Juan/AR, via RN41 e Paso de Agua Negra

Comentários (pós-viagem): obrigatório abastecer a moto em Vicuna e levar água e comida, pois não há ponto de parada no meio do Paso. A RN41 entre Vicuna e o Paso é linda cortando plantações de uva ao pé da Cordilheira. Já o Paso de Agua Negra é o tipo de estrada que marca para o resto da vida. Mandatório sair bem cedo, pois o tempo total de travessia é facilmente acima de 7 horas. Mandatório estar bem agasalhado, pois a temperatura chega fácil a zero graus.

Distancia do dia: 400km (160km de rípio)

Tempo Pilotando: 11 horas (das 10:00 as 21:00)

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Ahhhh se minha Cavala falasse! ... Ela teria muita história para contar!

E hoje então, passamos por um dos trechos mais bonitos da viagem. Tudo bem que todo fim de dia eu acho a mesma coisa... Mas hoje foi realmente diferente - hoje foi dia do Paso de Agua Negra - a travessia da Cordilheira por estrada alternativa.

Já estamos novamente em território Argentino na cidade de San Juan, próximos a Mendonza.

Escrevo estas palavras jantando no hotel, as 22:30 depois de um dia intenso. Estamos arrasados e cansados, porém intactos.  Eu poderia escrever por horas.. mas vou resumir o que foi o visual de hoje em somente uma palavra: Espetacular !


Vou parar por aqui pois as fotos vão representar melhor nosso dia do que qualquer frase que eu componha.

Até !


VEJA O FILME ==> http://youtu.be/hdSMRQBppd8



Logo após Vicuña a estrada segue Cordilheira adentro
 em direção ao rípio do Paso de Agua Negra

São muitos plantações de uva - e boa parte destas ao pé da Cordilheira
são destinadas a produção do Pisco (uma espécie de cachaça feita da uva)

Bela estrada ! ...mais uma para o hall das estradas perfeitas..

O início do rípio é fácil com terreno firme..  exigindo pouco dos pilotos.
Mas a medida que a estrada vai ganhando altitude trechos empedrados ou de terra fofa começam a aparecer

Os "caracoles" de rípio


Pela noite a temperatura vai fácil abaixo de zero deixando
boa parte do percurso congelado.
Neste dia tivemos sorte e pegamos 10 graus no topo do Paso
a 4.800 metros de altitude


Este rio há direita te acompanha quase em todo
o trajeto por vezes fazendo rima com os contornos da própria estrada



Uma parte do trajeto exige pilotagem em pé...
principalmente os piores trechos que ficam mais na altitude.
Porém o ar rarefeito te detona, te sugando as forças fazendo com que você
reduza muito a velocidade e pilote boa parte do trajeto sentado

Saímos preparados de Vicuña com muita fruta,
água, Gatorade, barras de cereais e coisas do tipo
A estrada corta as montanhas e assim segue até o topo, por quase 150km de rípio

Realmente a altitude torna no ar muito rarefeito e quanto mais
você sobe mais a sensação de cansaço e cabeça aérea
(a impressão é de noite não dormida.. ou de pós ressaca da braba),
..eu diria que pilotamos hoje a 30% de força.. muito mais no instinto do que na técnica 

Encontramos com estes caras quase no alto do Paso a 4.500 metros de altura.
São 3 suíços viajando o mundo há 1 ano !!!
Ver eles de bike aqui no meio do nada, neste ar rarefeito em
meio as montanhas reenergizou nosso esqueleto.. e tocamos pra frente 


Mulher guerreira !



Em meio as montanhas tem um belo lago que cria uma paisagem
fantástica - sem defeitos. O cara que criou isso tudo é realmente um artista perfeito.
Exatamente neste lugar ai deixamos (leia, deixei) a Cavala tombar de lado logo apos tirá-la do cavalete.
Tombo de mané.. que ta sem forças e com falta de oxigênio na cabeça.
Ela saiu intacta e eu com meu ego dolorido.



É isso aí !!! Valeu !! Passamos por mais um grande marco da nossa viagem!!


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Atacama - 13o dia - Caldera/CL - Vicuña/CL

Vicuña/CL, 26 de Novembro de 2012

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Trajeto: Caldera/CL - Vicuña/CL, via RN5 e RN41

Comentários (pós-viagem): novamente pela RN5 cortando o meio do Chile - pelo calor do deserto. A estrada melhora bastante sendo em sua maioria por pista dupla. Visual do deserto dá lugar ao verde de árvores e plantações assim que se aproxima a cidade de La Serena. Vicuña é uma bela cidadezinha ao pé da Cordilheira, sendo o último ponto antes do início do Paso de Agua Negra - aqui é ótimo local de pernoite e abastecimento obrigatório - dado que o próximo posto fica a 250km já em Las Flores, no lado Argentino.

Distancia do dia: 550km

Tempo Pilotando: 7 horas (das 10:00 as 17:00)

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Hoje me dei conta de que o Chile - do jeito que você conhece ou imagina - começa de Lá Serena para baixo (do meio do país para baixo) - a somente 400km de Santiago. Daqui para cima não é Chile, mas sim uma mistura de Saara com Marte.

Pra você ter noção do tamanho do Deserto, rodamos quase 1.500 km em terras chilenas e somente hoje vimos a primeira árvore, o primeiro verde. Até aqui foi só deserto, poeira, retões sem fim, ar seco, pedras, areias, dunas, etc.

E a medida que você viemos descendo ao Sul, a natureza meio que em um suspiro de energia vai tentando forçar a vida e aos poucos pequenas moitas secas e espaçadas vem surgindo na terra seca. Em dado momento o cenário era de velho oeste americano, com seus visuais de pequenas moitas e pedras entre morros - faltando somente os apaches a cavalo e aqueles pompons de palha cruzando a pista ao vento.

Outra curiosidade é que o Chile é estreito como uma salsicha. A oeste cercada pelo gelado oceano Pacífico e a leste espremida pela Cordilheira dos Andes.. espremida de tal forma que por vezes as montanhas morrem no mar.

Belo visual! E vai entender a mãe natureza e seus caprichos.

Mas vamos falar um pouco sobre as estradas.... ficamos por quase 3 dias navegando pela Ruta 5. E somente saímos dela quando pegamos a B710 seguindo a beira mar. Está sim fantástica estrada!

Já a 5 é tipo uma BR-101 ou 116 ligando o pais de ponta a ponta, sendo rota mandatária dos grandes caminhões. Vez ou outra ela segue em pista dupla, mas na sua maioria segue chata e perigosa por mão dupla mesmo. Às vezes por horas segue continente adentro e quanto mais perto das montanhas mais seco e mais quente - por vezes chegando a 36 graus. E meio que de repente ela rebola para os lados e esfria caindo a 18 graus a beira mar.

Tirando os momentos a beira mar... os demais não são lá grande coisa, apesar de que a viagem rende bem com boa média de velocidade. Enfim, dado a beleza do que já vimos até aqui eu diria que a Ruta 5 chega a ser bem feia e sem graça. Mas as estradas feias também tem seu valor...

Diferente da bonita que te puxa a cada curva para uma nova paisagem e nova foto, a estrada feia te faz mergulhar nos pensamentos profundos.

Me lembrei hoje de um vídeo que vi na internet de um cara fazendo piada explicando a diferença entre os cérebros do homem e da mulher: diz eles que os homens tem o cérebro todo compartilhado, organizado em caixas por assunto como um armário e suas gavetas. Já as mulheres são vários pequenos fios interligados, dando choques a cada segundos, misturando assuntos com emoções, TPMs e coisas do tipo. Faz total sentido! (... e calma pois vai fazer sentido pra você também!)

Pois então, lembrei disso pois por vezes durante o longo percurso de hoje fui desencaixotando assuntos e me aprofundando neles por horas seguidas, até ser interrompido com uma rajada forte de vento que adernava a Cavala para o lado forçando minha carcaça meio que no susto. Acabava a rajada e eu desencaixotava outro assunto e mergulhava profundo de novo e assim ficamos por horas neste ciclo.

Mas nem chamei minha esposa pelo comunicador na dúvida dos fios dela estarem em curto e ela querer discutir a relação em meio a paisagem :)

Brincadeiras a parte... a viagem segue seu rumo melhor do que a encomenda!

Descobrimos hoje mais uma bela cidade - Vicuña - a beira da Cordilheira - grata surpresa! Agradável, simpática, verde, rodeada por vinícolas e observatórios (destes para ver as estrelas).

Vicuña será nosso entreposto para pernoite a véspera de mais um grande esperado momento:  amanhã vamos para um ladeira acima nos meter no Paso de Agua Negra - 200km de estrada de rípio em meio ao frio e as montanhas - cruzando a Cordilheira de volta para Argentina.

Aguardem!


Visual da Ruta 5 - com seu principio de vegetação tentando
brotar as margens da estrada


Vicuña - ao pé da Cordilheira. Bela cidade!


2.500 pesos (algo com R$10) e renovei a Km por mais 30 dias


..final do dia em um bar de Vicuña. Valeu!


domingo, 25 de novembro de 2012

Atacama - 12o dia - Taltal/CL - Caldera/CL


Caldera/CL, 25 de Novembro de 2012

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Trajeto: Taltal/CL - Caldera/CL, via RN5

Comentários (pós-viagem): novamente pela RN5, porém este trecho já bem mais agradável pois o número de caminhões diminui e qualidade da estrada melhora - sendo em boa parte pista dupla. Por vezes a estrada vem pelo "meio" do continente com temperatura mais quente, e em sua maioria vem a beira-mar bem mais agradável.

Distancia do dia: 270km

Tempo Pilotando: 3 horas (12:00 as 15:00)

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Hoje tivemos mais um belo por do sol no Pacífico.

A tal de TalTal não é lá grande coisa, mas valeu. Principalmente pois veio de lá a dica de conhecermos o pequeno povoado de Caldeira, 270 km ao Sul, também a beira mar.

Assim como taltal, Caldeira também vive da pesca. Porém por aqui encontramos a primeira praia com areia branca em km percorridos a beira mar. E achamos também um bom hotel em um ponto turístico chamado Bahia Inglesa. Aproveitamos o curto tempo de pilotagem do dia para almoçar com calma e aproveitar o fim de tarde na praia.

Hoje nossa caravana de viagem começa a se desfazer... pois nossa parceira Bia - esposa do Richa já parte amanhã cedo de avião de volta para o Brasil.

Valeu Bia! Foi Show vivermos juntos esta aventura! Bom retorno! Gd beijo!



...experimentando o mar do Pacífico
Vista da Bahia Inglesa, uma das poucas praias de areia
branca do litoral norte do Chile

Nosso segundo por do sol de cara para o Pacífico

...nada mal !








sábado, 24 de novembro de 2012

Atacama - 11o dia - S.P. de Atacama - Taltal/CL

Taltal/CL, 24 de Novembro de 2012

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Trajeto: S.P. de Atacama - Taltal/CL, via RN23, RP25, RN 5

Comentários (pós-viagem): RN 5 é tipo a BR116 do Chile, sendo em mão dupla abarrotada de caminhões - perigosa e empoeirada. Trecho cruzando o deserto, muito quente, muita poeira devido ao transporte de minerios, terras, etc. Em vários locais obras de duplicação da estrada aumentando ainda mais a bagunça e o risco. Já a B-710 é um espetáculo indo em direção ao mar em uma bela "serrinha" e depois costeia o pacífico (fantástico!) assim como nossa BR101 no trecho entre RJ e SP. A cidade de caldeira tem a Baia Inglesa - um otimo ponto turistico a beira-mar, valendo o pernoite.

Distância do dia: 550km

Tempo Pilotando: 8 horas (das 12:00 as 20:00)

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Hoje eu entendi o porque os caras escolheram a região do norte do Chile e Argentina como cenário do Rally Paris-Dakar. Afinal, são km e mais km.. a perder de vista de deserto, dunas, retas intermináveis... poeira e mais poeira, seco, quente, ...infinito, cenário de filme. Só faltam os camelos.

Esta geografia curiosa leva o deserto e as montanhas até o mar... literalmente. Me lembrou a Serra do Mar a beira do litoral entre SP e RJ. Mas as diferenças são grandes: primeiro o verde.. que por aqui em amarelo/cinza do deserto. Segundo a umidade, que por aqui é bem baixa. Terceiro a temperatura, que mesmo no verão a beira mar bate os 15 graus. Quarto, as praias..   pois por aqui são praias de pedra, pouco convidativas. Mas parecem cenário do Discovery Channel daqueles onde a Orca são pulando da onda para engolir uma foca.

Chegamos hoje em uma cidadezinha a beira do pacífico chamada TalTal. Aqui vivem pescadores e mineradores. E por falar nestes, aqui no norte do Chile a principal atividade é a mineração de cobre e outras coisas a mais..  e estes caras - e seus mega-caminhões - ajudam a tornar o ar das estradas ainda mais empoeirados, fazendo com que longos trechos o visual seja de tempestade no deserto meio ao sol, tornando difícil ver metros a frente.

Mas brincadeiras a parte.. viajar de moto por vezes testa nossa resistência e alto astral. E hoje foi mais um dia destes.

Por horas a fio pilotamos em meio a calor, poeira, caminhões e retas intermináveis. Quando percebi pelo comunicador que a tropa estava a beira do desmaio, consulto a Zuleica e ela me aponta um  um minúsculo restaurante no meio do nada. Não tive dúvidas, parei na certeza do reabastecimento do esqueleto. As meninas ficaram meio apreensivas dado tamanho da birosca - mas enquanto elas pensavam, eu já dava primeira colherada em uma sopa de sei la o que. A fome fez elas me seguirem..  e todos ficamos bem. Afinal, lugar que para caminhão normalmente a comida é boa e decente - assim aprendi nos meus tempos de Ogro Sênior em estradas pelo nordeste brasileiro.

Depois de alimentados, seguimos adiante com nossa caravana pelo deserto de poeiras e caminhões..

E quando minha mulher estava a beira de soltar palavrões pelo scala rider e pular da moto, eis que a gente sai da desgraçada Ruta 5 e entra na B-710. Meio que por milagre, somem os caminhões, a temperatura despenca dos 36 graus para 22 - abre o visual, e a viagem recomeça com outro astral. "Caramba... esta dobra para o mar me salvou o dia!" Pensei.

A comparação com uma travessia oceânica em um veleiro de novo me vem a cabeça. Pois as estradas são como o mar.. e tem um poder imenso de mexer ou abalar o astral do marinheiro - ou motociclista, como queira. Mas se você ficar firme na tempestade, depois vem a bonança - não é o que dizem ?

...pois assim foi pra gente. E ainda fomos coroados com um belo por do sol no Pacífico. Cavalas ao vento, vista do horizonte no mar.. nada mal. A decida até o pacífico renovou o clima do grupo, e viemos pedalando manso até TalTal. O vinho e a lasanha de camarão de cara para brisa do mar nunca tiveram gosto tão bom. Dormimos o sono dos justos.

...e hoje estou poetico ! :)


PS: Mais um detalhe antes de fechar: está chegando o dia da travessia da Cordilheira dos Andes de volta para Argentina pelos 200km de rípio - pelo Paso de Agua Negra - e tal proximidade esta trazendo duvida para minha esposa...  ela anda vez ou outra me perguntando sobre o trajeto, anda procurando no youtube filmagens..    ehhh, ah menina ta tensa. :))









a birosca onde almoçamos no meio da estrada. Bela sopa com frango!




Descida do deserto para o litoral... nevoeiro a frente